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"coleção - coleções"
Texto do curador de arte Mateus Nunes para Normando
- Mateus Nunes é pesquisador, curador e escritor, é doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa e pesquisador de pós-doutorado na Universidade de São Paulo e na Getty Foundation, escreve frequentemente para revistas de arte nacionais e internacionais e é orientador no museu MASP, em cursos sobre arte contemporânea paraense e barroco brasileiro.
Há muitas coleções sobre a Amazônia, mas poucas feitas por amazônidas. A imensa região, densamente explorada desde a invasão europeia, fetichizada até o presente, nos provoca a repensar o ato de colecionar a partir de outras matrizes de pensamento. Um inventário rigoroso pouco interessa, aprisionando os objetos coletados ao não-uso, ao distanciamento do toque por processos ineficazes de patrimonialização. Povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas tradicionais nos ensinam há séculos que coleção é partilha, uso e prática coletiva. É efusão dos largos rios cálidos cuja outra margem não se vê, é revoada de aves de todas as cores que atravessam as chuvas torrenciais, é sinfonia de cantos entoados pelas majestosas vitórias-régias banhadas pelo sol a pino. A Normando, em sua nova coleção dedicada ao próprio colecionismo, revisita o conceito com pés assentes em solo amazônico, promovendo o intercâmbio de ideias, materiais e saberes transgeracionais e transculturais.
Como ponto de partida em uma expansão constelar, centra-se o muiraquitã, entidade-talismã dos indígenas Tapajós e Konduri do Baixo Amazonas que, em pedra colorida, simulam anfíbios e répteis, sobretudo sapos e rãs. Assim como o patuá, amuleto de matriz africana, o muiraquitã é ...
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