Copy of NORMANDO x JÚLIA MILARÉ
Normando é uma marca com origem na Amazônia brasileira. Como continuação da primeira coleção da marca lançada em 2020, a Normando, em colaboração com a artista brasileira contemporânea Julia Milaré, desenvolve uma coleção cápsula, intitulada "Tristes Trópicos", com um guarda-roupa em tecidos reciclados, algodão orgânico, algodão egipicio e linho puro, pintados manualmente por Milaré.
Retumbando com o nosso momento vigente, o embate entre o homem e a natureza se faz necessário, a coleção "Tristes Trópicos", que leva o título homônimo da publicação literária antropológica de Levis Strauss, é composta por peças agênero: chemises, camisas, jaquetas, camisetas, vestidos e lenços, e trazem pinturas baseadas e reinterpretadas das ilustrações científicas, do início do século, de animais e plantas característicos da flora e fauna amazônica, documentados em sua maioria por europeus.
Em uma atmosfera fugere urbem, as peças em sua maioria de tecidos leves e tons fulvos, trazem motivos pintados manualmente de animais e plantas como: Boto cor-de-rosa, camarão Pitu, caranguejo uçá e escorpião-preto amazônico, assim como plantas como: o tajá e a vitória-régia; Todo esse rico patrimônio biocultural, carrega no imaginário popular forte simbologia, mesclando em seu cotidiano aspectos da biologia das espécies com a própria cultura, de forma poética, numa expressão única da preservação histórica e linguagem de um povo.
As peças contestam a destruição de um modo de vida, do bioma brasileiro, cada vez mais ameaçado pelos interesses econômicos e políticos, muitas vezes disfarçados de progresso. É necessário como uma sociedade em instável mudança, se aproximar daquilo que queremos entender, das culturas locais, observar suas atividades rotineiras, rituais e se possível participar das mesmas a fim de obter um entendimento da cultura e formação evolutiva.
A partir de conversas entre a Normando e a artista Julia Milaré, a artista desenvolveu uma tela com referenciais da marca: no modernismo de Lina Bo Bardi, na abstracção geométrica de Burle Marx e seus jardins tropicais organizados, que até então possui a mão do homem e o deslocamento desse discurso, trazendo dentro da janela amorfa um jardim ou uma floresta com a vegetação Amazônica na sua forma mais pura, sem alterações humanas.
Nesse jogo "do avesso, do avesso", que remete muito aos discursos usados nos trabalhos de Julia Milaré, é construída essa coleção, que traz a fauna e flora tropical Amazônica, entre eles animais e plantas ricos em simbolismos e superstições, estes que de fato representam os trópicos, acometidos posteriormente pela mão humana.